A saída de Pedro Arroja do Blasfémias, para os que não se recordam, surgiu no contexto de comentários marcadamente anti-semitas. "Equívoco", "mal interpretado", "radicalismos do politicamente correcto" disse-se em intervenções sua defesa (que, felizmente, não foram muitas). Num post digno do boletim mensal do NSDAP, Pedro Arroja vem confirmar o que já todos sabiam, o seu gritante, inaceitável e execrável anti-semitismo. Vejamos os excertos mais significativos deste post em que a pretexto da canonização dos mártires da guerra civil pelo Vaticano aproveita para destilar o seu fel:
[...]
Em tudo o que escreveu no post, Arroja revela os clássicos elementos do anti-semitismo militante. Não é só preconceito de trazer por casa: é estruturado e ideológico. Veja-se a implícita referência conspirativa quando alude à brecha por onde os judeus procuram dividir, leia-se a tradicional fórmula da "massa do sangue". Conexo com o programa ideológico aparece o revisionismo. Em primeiro lugar, a ideia do bom acolhimento na península aparece como uma das muitas falsidades que se querem interiorizar repetindo mil vezes. A não ser, claro, que a obrigatoriedade de viver num gueto do qual não se pode sair livremente a certas horas do dia, a imposição do uso roupas distintivas e a submissão a perseguições ocasionais entre outros elementos do regime aplicável aos judeus seja uma forma de bem receber no léxico distorcido de Pedro Arroja. Nesa linha, os inquisidores seriam seguramente os mestres de cerimónias macabros deste suposto tratamento brando.
Mas o pior momento deste deplorável revisionismo é aquele em que procura determinar, sem fundamentar, sem argumentar ou sem sequer exemplificar, que a expulsão da Península ocorreu devidos aos motivos que os próprios criaram e não devido ao fanatismo dos reis Católicos e à incapacidade de D. Manuel em resistir à sua pressão. Boa gente como esta das duas casas reais ibéricas não se limita a expulsar toda uma comunidade apenas por intolerância religiosa...
Confesso que fiquei chocado. Conhecia a figura, li vários disparates prévios nesta linha e sobre temáticas e até tinha ido visitar o blogue à procura de mais qualquer coisa para me rir, na linha do que aqui escrevi a semana passada. O que acabei por encontrar choca pelo forma despudorada, provocatória e odiosa como surge. Ainda há gente desta por aí, a propagar o ódio étnico e religioso e, ao contrário do que por vezes nos dizemos a nós próprios para não nos desalentarmos, não estão todos acantonados como radicais no PNR. Tentam passar por opinion makers, por académicos respeitáveis e por comentadores legítimos, mas não verdade não passam de abjectas caricaturas recicladas de uma milenar cultura de intolerância, estando ao nível dos energúmenos que profanam cemitérios.
São, contudo, mais perigosos dos que os militante e violentamente racistas e têm de ser desmascarados, desmentidos e expostos publicamente e remetidos de volta para o caldo infecto de ideologias odiosas que representam. Depois de ler o que li no post de Arroja, aquilo que escrevi neste post sobre salvaguarda da memória torna-se ainda mais premente. E apesar de me sentir irado, espero poder canalizar o sentimento para o combate pela via da denúncia, do apelo à razão e à inclusão de todos. Liberdade, igualdade e fraternidade são uma causa permanentemente por realizar...
8 comentários:
Liberdade, igualdade e fraternidade são uma causa permanentemente por realizar...
pelo menos, a fraternidade é coisa que não se promove nos seus amigos do blogue esquerda republica e diario ateista! se quer apregoar esses valores, era bom que começa-se pela "casa" dos seus amigos
http://esquerda-republicana.blogspot.com/
http://www.ateismo.net/diario/
e outros
o respeito é sinal de quem gosta de principios como liberdade, igualdade e fraternidade...
"Confesso que fiquei chocado."
Conhecendo o autor e seus recentes devaneios teocráticos e anti-semitas, creio que ninguém devia dar-lhe esse prazer que constitui o seu principal objectivo: criar a estupefacção, indignação e dar origem a polémica na qual o nome dele se encontra sempre no centro desta.
É um problema dele e um direito dele, e pelo visto, não falta quem o ajude...
Pois eu acho que vc nem para apanhador do papel higiénico do PA servia...
Caro anónimo das 5:52,
Muito elegante, sem dúvida. Mas perante o aparecimento de tanta gente como V. Exa. que se presta a endeusar Pedro Arroja e aceitar acriticamente as suas opiniões, por mais racistas ou autoritárias que sejam, estou seguro de que ele não terá dificuldades em recrutar apanhadores de papel higiénico que não sofram do meu jacobinismo ou radicalismo militante.
uma pergunta:
por tudo o que conheco sobre o povo judaico, a sua historia, o modo de estar, os judeus que conheci, as politicas de israel, etc. decidi que nao gosto do povo judeu.
no entanto nunca me passaria pela cabeca atacar, seja de que maneira for, uma pessoa por ser judia ou outra coisa qualquer.
sou portanto um anti-semita?
nao tenho direito a nao gostar de um povo, de uma raca, de um pais? nao tenho o direito de nao querer conviver com este ou aquele grupo?
acho que tenho.
nao tenho o direito, sim, de tratar terceiros como eu nao gostaria que me tratassem a mim.
respeito e uma coisa, aceitacao cega de valores e outra.
Nem uma palavra sobre o antısemıtısmo moderno,o antı-arabe, dos nazı-sıonıstas apartheıdescos e asssassınos, tao odıoso como o antıgo, dos nazıs...
Poıs...
Leg�t�m�dade h�st�r�ca e pol�t�ca de �srael (como estado judeu, e n�o democr�t�co) para ex�st�r na Palest�na ?
O Dan�el responder� o que entender. Mas eu repondo: N�O.
Leg�t�m�dade h�st�r�ca n�o h� nenhuma: n�o s� o d�re�to �nternac�onal n�o reconhece preced�nc�as de m�l�n�os para leg�t�mar ocupa�es acompanhadas de massacres e l�mpezas �tn�cas (era s� o que faltava, os ant�gos �beros, e actua�s ge�rg�os, poder�am v�r despejar-me da m�nha casa no torr�o lus�tano !), como 90% dos �srael�tas (os askheNAZIS, s�c) nem sequer s�o sem�tas e or�undos, mesmo a 2000 anos de d�st�nc�a, da Palest�na, mas s�m do �mp�r�o Khazar, para l� do C�ucaso.
E os descendentes dos ant�gos ocupantes da Palest�na do tempo de Cr�sto s�o os palest�n�anos cuja rel�g�o ma�or�t�r�a mudou 2 vezes nesse espa�o de tempo.
Ou ser� que os palest�n�anos dever�o perder a sua P�tr�a de sempre pelo facto de os seus antepassados terem abandonado o juda�smo em favor do cr�st�an�smo, pr�me�ro, e do �sl�o, ma�s tarde ? Para o d�re�to �nternac�onal (e para o cr�st�an�smo) n�o h� 'povos ele�tos'...
Pol�t�camente tamb�m n�o h� qualquer d�re�to de os naz�-s�on�stas manterem o reg�me aparthe�desco-s�on�sta (e � apenas esse que Ahmed�nejad, que d�z alto o que pensam 1500 m�lh�es de mu�ulmanos, quer leg�t�mamente an�qu�lar, n�o os judeus), nasc�do al�s de um cr�me contra a Human�dade, a Nakba, por def�n�o n�o gerador de 'd�re�tos' de qualquer esp�c�e, a n�o ser o de compar�nc�a na forca de um novo Nuremberga.
Ass�nale-se que o d�re�to �nternac�onal �mp�e a descolon�za�o de todas as col�n�as (como era a Palest�na br�t�n�ca de 1948) com respe�to das fronte�ras colon�a�s (repart�es segundo l�nhas rel�g�osas s�o po�s �lega�s, al�m de anacr�n�cas) e em exclus�vo benef�c�o da popula�o aut�ctone (o que exclu� automat�camente a subst�tu�o de um colon�zador por outro, v�ndo de fora).
Mas ma�s s�mples que tudo �sto, � suje�tar a aventura dos cr�m�nosos s�on�stas na Palest�na ao teste da val�dade un�versal �mposto pelo �mperat�vo categ�r�co kant�ano: estar�am os s�on�stas (e o Ru� e j� agora tamb�m o Dan�el, j� que a solu�o do�s estados � apenas uma formula�o eufem�st�ca para des�gnar reg�me de aparthe�d s�on�sta) de acordo com a solu�o s�on�sta caso
fossem eles os desalojados e um 'povo n�o-ele�to' o desalojante ?
CLARO QUE N�O ! Logo, n�o h� qualquer leg�t�m�dade. Leg�t�m�dade, my ass. A ocupa�o s�on�sta � def�n�t�vamente um cr�me contra a human�dade, uma abom�na�o ant�-sem�ta, e acabar� �nev�tavelmente pelo desmantelamento volunt�r�o do reg�me pelos s�on�stas aparthe�descos (solu�o 'sul-afr�cana') ou pelo seu an�qu�lamento m�l�tar por Ahmed�nejad ou por qualquer outro Salad�no de serv�o... Tert�us non datur... porque Allah u Akbar !
Para usar um cliché... O que o Pedro Arroja escreve soava melhor no Alemão original.
Bom post.
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