Ao fim de alguns dias o que era provável tornou-se evidente: o golpe de Estado tailandês beneficiou, pelo menos, da cumplicidade do monarca, senão mesmo do seu incentivo. Ao contrário do seu homólogo espanhol que se pôs do lado da democracia a combater o golpe em 82, Bhumibol "convidou" a extracção do seu primeiro-ministro e reafirmou a sua autoridade real que este beliscara.
Como já afirmei em post anterior, não procuro afirmar a bondade dos governos anteriores de Thaksin, nem branquear o carácter pouco transparente e potencialmente corrupto da sua gestão. Em causa está apenas o lamentar da instabilidade de uma das poucas democracias da região e a incerteza quanto ao futuro.
Apesar do novo executivo se comprometer a convocar eleições em Outubro de 2007 (promessa de tipo musharafiano), não hesitou em proibir a actividade partidária e as manifestações na capital, nem em censurar a imprensa. As rosas com as quais os populares saudavam os militares não chegam para as comparações abrilistas - trocou-se um democracia imperfeita por uma ditadura militar clássica.
Já agora, para finalizar, a estocada republicana. Dirão alguns que o caso de Juan Carlos demonstra que a monarquia socorrerá a democracia quando em perigo e que o caso tailandês apenas revela falta de maturidade democrática, o que não invalida o pape do monarca constitucional. Eu direi, pelo contrário, que a república permite levar Juan Carlos e Bhumibol às urnas e deixar o eleitorado escolher qual é que prefere como fiel da balança...
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