A imagem que associo à Constituição Europeia é a de um grupo de gente arvorada em pais fundadores, de pé, no encerramento da "Convenção", a escutar o hino à alegria da 9ª de Beethoven, feito hino da União Europeia e repescado para dar ao momento a solenidade e importância de um acto fundador, tipo Convenção de Filadélfia dos Estados Unidos da Europa.
Parecia a equipa do Brasil quando entra em campo e canta o seu interminável hino do Brasil - mas sem a parte de cantar.
À cabeça desta artificial e ridiculamente pomposa cerimónia, um caquético Giscard d'Estaing fazia de capitão de equipa dos "convencionistas" habilitados por uma muito em voga legitimidade derivada, nos quais se incluiam os dois deputados portugueses do PSD que eu não escolhi, nem qualquer outro português. Podia ser como aqueles jogos da selecção da Europa contra a selecção do Resto do Mundo, para homenagear um grande jogador que se reforma, mas não: era uma sessão para celebrar a conclusão do Tratado Constitucional Europeu.
A construção europeia faz-se assim, às escondidas, e depois pergunta-se ao europeu comum se acha bem. Só que o europeu comum não sabe do que se fala, e aproveita para puxar as orelhas ao seu governo.
Isto de a classe política se lembrar de fazer um referendo tem destas coisas: a Espanha aprovou a Constituição com uma votação inexpressiva, a França e a Holanda chumbaram-na, e quem é esperto decide submeter a Constituição a ratificação parlamentar.
Tony Blair parece querer pôr o rabo de fora e pensa desistir de fazer o referendo (não sei porquê, mas isto não me surpreende).
Eu por mim não sei como vou votar. Não sou eurocéptico nem eurofórico; não gosto que me convidem para a festa de véspera, mas também não tenho medo de papões. E o meio termo, esse, anda perdido no meio da história.
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