segunda-feira, junho 13, 2005

Adeus Camaradas

É com pesar que escrevo esta missiva, pelo elogio que se presta a figuras nacionais que se destacam pelo amor ao seu povo e aos seus ideais. Numa época em que tanto se fala em crise e em perda de identidade nacional, depois do 10 de Junho e dos manjericos (Lisboa menina e moça, engalanada no seu esplendor popular, que grande orgulho) falecereram Vasco Gonçalves, Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade. Os dois primeiros, ariscos e orgulhosos, convictos e imponentes, legaram aos portugueses a lealdade para com o povo e deram-nos a todos uma lição de coragem: um militar e um exilado, uma guerra civil e um poeta político, deixam-nos órfãos. Cada vez mais o 25 de Abril foi lá longe, com ele se perdendo a garra de um povo e mergulhando-nos numa profunda depressão de identidade.
Quanto a Eugénio de Andrade, a sua palavra é intemporal :

Frente a frente
Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.
Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!

E basta. Que repouse em paz.

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