E aquilo que se receava, pelos vistos, aconteceu. A França votou "Não" no referendo de ratificação do Tratado de Constituição Europeia. Há que entender várias coisas. Ponto número 1, os franceses, tal como nós, estão descontentes com as taxas de desemprego e com o défice. Basicamente, desta vez, a culpa é mesmo do Governo. Ponto número 2, os franceses usaram o referendo contra o Governo, querendo bem saber da União Europeia.
Isto é sintomático de um grave afastamento da sociedade civil europeia face aos assuntos europeus. O tal afastamento que foi combatido (de forma muito fraquinha, muito pobrezinha, como diria Ricardo Araújo Pereira) no processo de elaboração do texto (na Convenção da qual ninguém ouviu falar, com representantes que apresentam um consenso político, depois das dificuldades de aprovação do texto de Nice?Hum...) e que não provocou alteração nenhuma no marasmo da sociedade europeia.
Neste momento, ninguém avalia muito bem o impacto, mas quando o país fundador da CECA rejeita a ratificação de um Tratado, o impacto é muito maior do que as voltas na tumba que deve estar a dar o Jean Monnet, esse grande homem. A construção da Europa a 25, as relações internas e o efeito que externamente provoca esta rejeição são incomensuráveis.
Para aqueles que acreditam na balela federalista que lhes impingiram, este "Não" é uma vitória das soberanias europeias. Para os que, como eu, tinham este novo Tratado como um mal necessário, existe alguma apreensão. Para a massa inominada dos que nada sabem, a rejeição francesa tem tanto interesse como o aumento do IVA. O seja, enquanto não acontecer nada, nenhuma.
Quanto a mim, estarei triste. Vamos lá ver os holandeses, mas desde já prevejo um "Sim" rotundo (os franceses disseram tudo).
Europa Go.
segunda-feira, maio 30, 2005
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