Perdoem o desabafo de mais um testemunho benfiquista.
Pronto. Só agora caí em mim e interiorizei completamente que o Benfica é campeão. Até agora tenho estado estupidificado de alegria e incredulidade. Desde que vi o Nuno Assis a invadir o campo de braços abertos (porque à minha volta o barulho dos festejos, ensurdecedor, impedia-me de ouvir o que fosse) que me custa acreditar. Durante anos chorei só de pensar na alegria do momento, e o momento apanhou-me a chorar de alegria no Domingo.
Não interessa que tenha sido um sofrimento ver o Benfica jogar: merecemos como mais ninguém ganhar este campeonato porque não nos armámos em cromos da bola que jogam bem quando lhes apetece, nem nos encostámos à sombra dos títulos do ano passado, como aconteceu com a concorrência mais directa (e como aconteceu connosco durante os últimos onze anos).
Merecemos este campeonato porque soubemos fazer uma omoleta sem ovos e ir mais além do que permitiam as nossas pernas.
Merecemos os parabéns porque quisemos mais que os outros ganhar o campeonato.
Merecemos todas as manifestações de ódio e de mau perder que se seguiram, porque elas apenas nos engrandecem, na mesma medida em diminuem os que as fazem.
Não somos melhores, não somos piores, não somos diferentes, não somos moralmente superiores, não somos uma ideologia nem uma forma de estar na vida.
Somos o Benfica, e isso é mais do que tudo o resto junto.
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