sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Espírito democrático

A opinião de Vasco Graça Moura (no DN) é elucidativa quanto ao seu espírito democrático e fair-play eleitoral: "o grande derrotado nestas eleições foi o País. Virou à esquerda e entregou o poder a um sector dela que é manifestamente incapaz de governar de modo a responder às necessidades dos portugueses".

Vasco Graça Moura (VGM) é particularmente coerente quando afirma que o "eleitorado português não apostou na mudança. É conservador, corporativo e retrógrado. Essa é a estabilidade que pretende lhe seja garantida." A não ser que Portugal tenha trocado de eleitorado com algum outro país ao abrigo de um recente programa de intercâmbio, fico com a impressão de que o eleitorado que deu maioria absoluta a José Sócrates foi o mesmo que deu a vitória a Durão Barroso em 2002.
Para rematar, VGM informa-nos de que, a curto prazo, Portugal "terá de enfrentar uma monstruosidade sem pés nem cabeça e tornar-se-á uma aberração irresponsável e ingovernável". Será certamente nessa altura que vamos ter saudades da competência e responsabilidade de Santana Lopes e nos vamos penitenciar colectivamente por termos posto fim à sua formidável carreira política.

A moral da história para Vasco Graça Moura é a seguinte: quando o meu partido ganha, o eleitorado é esclarecido, dinâmico e desejoso de mudança; quando ganham os outros, o eleitorado é analfabeto, apático e retrógrado.

1 comentário:

raiva disse...

Sim, quando as nossas forças ganham todos tendemos a achar que o maralhal votou bem, e vice-versa.
Mas há verdade nas afirmações de VGM.
O PS não representa mudança.
Não é preciso argumentar muito: pensa nos seis anos de Guterres. Onde está a reforma fiscal ou outras? O PS é o partido do despesismo, das cedências aos fortes, de tentar agradar a todos, do investimento público (150 000 empregos...) etc e tal.
A história recente mostrou que só há mudanças com os governos à direita do PS. Não admira que as corporações e "poderes fácticos" estejam com o PS.
E não me digas que PSL em quatro meses partiu o país todo...
Ah, já me esquecia, há esta coisa desagradável da Casa Pia. Se houver condenações em tribunal de pedófilos do PS, eu acredito que o partido tem gente séria à sua frente, caso contrário, não.