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Estamos perante uma peça musical brilhante, e uma excelente interpretação, que tem como única falha um libreto que, dado o tema e a inspiração, nunca poderia correr bem. E nunca poderia correr bem porque embora esteja levemente polvilhado de Iluminismo e Humanismo não deixa de louvar a submissão da mulher ao homem como único caminho para a felicidade ou condenar esse pecado mortal de “Querer saber mais que o devido”.
Estas passagens, que podemos encontrar na Bíblia de forma até mais primária, envenenam este texto desde a Criação (pau que nasce torto...) e dispensam qualquer nova exegese a reboque das exigências de uma Humanidade esclarecida pelos valores da Igualdade e do Progresso. Assim, nem pormenor divertido de Haydn ser maçom, nem a referência à não-aceitação, numa fase inicial, desta obra como música sacra por ser demasiado inovadora (típico), me permitiram fruir devidamente desta composição sublime.
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A contrário de Deus aos seus filhos não lhe vou exigir que exista para louvar o meu nome, vou ensinar-lhe a ser Fraterna em vez de caridosa, a ser Igual e a exigir ser Igual aos homens que escolher e Livre de aprender tudo o que quiser.
A prova do meu compromisso com estas palavras fáceis é que estou disposto a que aprenda até a acreditar em Deus, se ela quiser, e a engolir toda “A Criação” por mais que me cheire a m... esturro. Sou capaz apenas de proibir o ingresso nos Escuteiros, também não exageremos na liberdade...
2 comentários:
João
Os meus sinceros parabéns. Uma filha vossa só podia ser Clara, como a luz da Razão!
Parabéns. Não a deixe ver a Manuela Moura Guedes na TVI sem ela atingir a idade adulta.
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