segunda-feira, janeiro 19, 2009

Anti-sionismo e anti-semitismo não têm nada a ver um com o outro III

Encontrei esta pérola do Frei Bento Rodrigues na Edição Impressa do Público de 4 de Janeiro.

"Depois de oito anos a acreditar nas trapaças de George Bush e da sua pandilha, assim como nos negócios vergonhosos da Wall Street, procura-se fazer de Barack Obama o salvador da superpotência para que ela seja a salvação do mundo. É normal que cada grupo procure atrair o Presidente para o seu campo. Foram, sem dúvida, os menos poderosos que o elegeram. Serão, no entanto, os mais poderosos que, em nome das virtualidades da economia de mercado e do seu dinamismo, desviarão a atenção de Obama dos mais pobres das Américas, da África e da Palestina. Israel já fez o suficiente para mostrar que, mesmo com o fariseu Madoff na cadeia, os EUA devem continuar com fé em Israel, mesmo depois de todos os crimes contra a humanidade. Não duvido de que todas as tentativas serão destinadas a arranjar oxigénio para o capitalismo, mesmo através das indesejadas intervenções do Estado. É opinião corrente que o próximo ano vai ser mau para os que mais precisam e que ainda não será o último. Depois, julga-se, pela lei dos ciclos económicos, que a prosperidade regressará."


Eu sei que o Frei Bento Rodrigues é leitor assíduo deste e doutros blogs laicos e republicanos, portanto cá vão umas perguntinhas: explique lá o que é que tem a ver um criminoso (que para além de muitos atributos interessantes também é judeu) e as suas falcatruas monumentais, com Israel e os seus "crimes contra a humanidade"?! O que é que tem a ver o destino deste escroque com a política externa dos EUA?! O que é que tem isto tudo a ver com os pobres, os oprimidos e os esquecidos "das Américas, das Áfricas e da Palestina" (honra especial para a Palestina, único país que merece ser mencionado à parte)?!

Ah, deixe-me adivinhar, eu ajudo: judeus=poder=dinheiro. Mais, se eu entendi bem o que se insinua aqui, aparentemente 5 ou 6 milhões de tipos mandam numa hiperpotência democrática com 300 milhões de habitantes. Eu cá parece-me que isto é uma conspiração. E se "eles" mandam na política externa dos EUA devem mandar no mundo! Espera lá, isto então é uma conspiração mundial! É pá, ó Frei Bento, ainda bem que você nos chama a atenção para isto, senão ainda podíamos cometer a imprudência de pensar que o destino do "fariseu Madoff" e a escolha de aliados dos EUA não tinham qualquer relação. Sugiro que o senhor se sente com o jornalista João Paulo Guerra, que também atribui a responsabilidade dos "crimes" de Israel ao "poder do dinheiro de Israel". Juntos poderão então gizar uma estratégia para nos salvar a todos das garras destes fariseus.

Porque toda a gente sabe que estes fariseus só fazem judiarias. São uns meninos rabinos. Primeiro limpam o sebo a nosso (Vosso) senhor (que felizmente se recompôs do choque), e depois, não contentes com isso, impedem que os EUA ajudem os oprimidos e impõem-lhes uma aliança chata.

À antiga, senhor padre, à antiga: um colega seu do século XVIII não tinha posto as coisas mais claramente. Azar para si, senhor padre, os "fariseus" aprenderam a defender-se.



P.S: Adivinhem a foto que acompanha este texto que versa sobre o capitalismo em geral: uma calculadora? Um banco? Uma nota de $? Um quadro de Adam Smith a jogar monopólio? Não: dois judeus ultra-ortodoxos. Enfim, judiarias.




1 comentário:

Anónimo disse...

David Oppenheimer,
Agora compreendo a sua descortesia: acha por bem, e está certo disso, misturar anti-sionismo (é a minha posição - sempre!!) com anti-semitismo (nada a ver comigo); por isso visitou a minha «casa» (5dias), foi nela recebido, e depois lá despejou aquilo que despejou. É isso que farei aqui (copy-paste):

«Não fiz quaisquer esclarecimentos semânticos - uma pessoa normal entende que o título do meu pequeno post [no 5dias] apenas quer dizer que há mais pidezecos, muitos mais. Não é seu caso: nem é pidezeco, nem é normal. Nem consegue distinguir se acuso ou se insinuo a F Câncio. Acuso.
Habituei-me a manter distâncias mínimas em relação a todos os objectos, mesmo em relação aos que mais amo (mulheres, filhas, caravaggios, pollocks, etc). Incomoda-me a fidelidade acrítica, que acho desumana. Não entendo como se pode seguir um programa político a 100%, em todas as alíneas, numa obediência acéfala e canina.
Mas vejo que vem aqui [ao 5dias] ressabiado por posições que mantenho sobre Israel e seus crimes contra a humanidade. Serão julgados e condenados a seu tempo. É isso que o move, apenas? Titubeante, não sabe o que diz nem o que quer: «talvez seja, talvez não seja»; «insinuações»; «acusações»; «insinuações-acusações»; não se decide, mas conclui. O que o move não sei, mas a violência que julga usar, ou que julga saber manejar, não me é estranha.»

[Fim de citação]

Carlos Vidal