quarta-feira, outubro 22, 2008

For all you Liberals out there

O Martin Wolf sempre foi dos colunistas mais razoáveis do FT. E agora põe o dedo na ferida:

"Yet, in current conditions, monetary policy will be insufficient. This is a Keynesian situation that requires Keynesian remedies. Budget deficits will end up at levels previously considered unimaginable. So be it."

A função intrínseca do combate sem tréguas por défices orçamentais baixos é a de criar uma margem de manobra para políticas fiscais contra-cíclicas em situações de crise. Estamos numa dessas situações. É verdade que o Pacto de Estabilidade do Euro impõe um tecto de 3% aos défices orçamentais dos Estados da Zona Euro. E é verdade também que não pode haver uma união monetária sem um alinhamento das políticas orçamentais (e do endividamento público): o Euro não sobreviveria se os membros da Zona Euro ignorassem completamente a letra, mas acima de tudo o espírito, do Pacto de Estabilidade.
(Enfim, na verdade a Zona Euro só ficaria em perigo se a Alemanha e/ou a França e/ou a Itália - ou talvez a Espanha - desrespeitassem totalmente os limites do Pacto de Estabilidade. Em termos da credibilidade do Euro, um país como Portugal dificilmente faz a diferença. Mas politicamente seria insustentável entrar em free riding, com toda a gente a apertar o cinto e depois uns tipos com défices orçamentais gigantescos.)
Mas agora o Euro não está em perigo e o fantasma da inflação foi substituído pelo espectro da deflação. E comparando com o Japão ou com os EUA, as contas públicas europeias estão um brinco.

Portanto, toca a abrir os cordões à bolsa. Keynes continua válido. Especialmente para limpar a economia dos escombros deixados por Milton Friedman e a supply-side economics.

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