quinta-feira, novembro 15, 2007

Lies, damn lies and statistics

João Carlos Espada escreveu na sua coluna semanal no Expresso, muito elogiada neste caso no Insurgente por André Azevedo Alves, o seguinte:


Muito ilustrativo do crescimento das quatro maiores religiões do mundo, seguramente. Mas ilustrativo do que Espada queria demonstrar? Não me parece. Qual o número de não-religiosos, ateus, agnósticos e afins e qual a sua evolução? Sendo certo que as fontes não são as mesmas e que não posso fazer uma comparação directa, uma googlada rápida produz os seguintes gráficos com dados a nível global:

Em qualquer dos casos, as categorias de não-religiosos aparecem em 3.º ou 4.º lugar (os conceitos não são exactamente os mesmos, mas o contraste que evidenciam é o mesmo). De acordo com dados retirados daqui, as categorias não religiosos + ateus representava em 1900 1,2% da população, representando hoje quase 12%. Volto a reiterar que as fontes não são as mesmas, mas o que pretendo demonstrar é que Espada "esquece" o único factor relevante numa comparação: comparar!

1 comentário:

SAM disse...

De facto, se dividirmos em dois grupos: crentes nalguma forma de transcendência e descrentes, o primeiro parece perder terreno para o segundo.

E, mais grave, se fizermos uma análise da capacidade regenerativa do fenómeno religioso e a sua aparente conversão em degenerativa nos dias que correm.

O impulso religioso humano tem demonstrado evolução, da mesma forma que a sociedade humana evolui. Mas, parece que algumas religiões temem acompanhar o progresso dos tempos, levando ao descrédulo de toda a religiosidade humana.

O que se deveria almejar era uma religiosidade mais humana, que articule ciência e fé como necessita o século XXI, que una os povos do mundo sob a alçada de uma legislação única (ainda que adaptável às valências de cada território), uma real aceitação da diferença humana e não a uniformização que a larga maioria das religiões parece apregoar, temendo a livre capacidade de progresso e escolha humana.