1. Não acreditamos no progresso humano, já que este é um conceito que assenta num perigoso antropocentrismo em que não há lugar para aquilo que é imutável, permanente e infinitiamente bondoso e que se encontra num plano superior: Deus etc.; a Humanidade avança aos soluços, há avanços e retrocessos, e, como diria Giertych, o eurodeputado polaco citando João Paulo II: "se as mulheres andam aí a matar as suas próprias crianças [isto é, a fazer abortos] não admira que haja guerras"; quer dizer, vivemos numa época tão má ou pior do que outras em que o pessoal não fazia abortos;
2. A Inquisição e as Cruzadas: pois, foi desagradável, mas temos que compreender que nessa altura os valores eram outros, vivíamos noutros tempos.
Ora a segunda tese parece-me estar em manifesta contradição com a primeira. Houve progresso à brava entre a altura da Inquisição e agora (o mesmo se aplica às Cruzadas). Progresso. Objectivamente. Por isso é que podemos agora dizer que os tempos são diferentes e que seria inimaginável voltar a repetir tais crimes. Diferentes, porque melhores. Mas não admira que a direita católica tenha dificuldades em reconhecer este progresso, já que este aconteceu não por causa da Igreja, mas apesar dela, contra ela. Agora a resposta de alguém podia ser: "Mas como se pode falar de progresso depois do século de Auschwitz, da 2a Guerra Mundial, dos gulags etc. Não terá a Humanidade batido no fundo no século passado?"
E com este dilema todos temos que lidar.
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