quarta-feira, novembro 16, 2005

A Democracia defende-se






Em princípio uma Democracia tolera todo o tipo de debates e colhe a sua força precisamente da diversidade de opiniões. Como medida de protecção, a Democracia estabelece limites - mais ou menos severos, dependendo do destino colectivo e dos consensos que imperam numa qualquer sociedade - à livre troca de ideias. Na Alemanha, por exemplo, não é permitido negar o holocausto, ou mostrar publicamente a cruz suástica. Não se trata aqui de uma Democracia incompleta, mas sim de um país que aprendeu - pagando um preço tremendo por essa lição - que uma Democracia que não se defende dos fenómenos sociais mais corrosivos e obscurantistas, morre envenenada por eles.

Hoje, no Parlamento Europeu em Estrasburgo a Democracia defendeu-se.

Uma exposição organizada pela Liga das Famílias Polacas, um partido populista, profundamente católico e conservador, sobre a interrupção voluntária da gravidez, ultrapassou os tais limites que justificam uma 'subida às barricadas'.

Vários membros do parlamento (Véronique de Keyser, belga; Mia De Vits, belga; Alain Hutchinson, belga; Ana Gomes, portuguesa) se insurgiram contra o conteúdo obsceno desta exposição, envolvendo-se até em altercações com os 'defensores da vida'. A deputada de Keyser chegou a ser apelidada de 'nazi' precisamente por aqueles que mais cinicamente evocam a Shoah para os seus propósitos políticos.

A história acabou bem: a exposição foi totalmente removida, não só porque violava os mais fundamentais princípios da convivência e da civilização europeias, mas também porque os seus organizadores tinham mentido ao Parlamento quanto ao propósito da exposição.

Concluindo, para além de serem fascistas, estes cidadãos polacos mentem. Nada de novo.

Mas lembrem-se: a Democracia permanece vigilante e a Razão nunca dorme.

1 comentário:

Oppenheimer disse...

Belo post. Assim, sim, vale a pena andar na internet. Tem razão no que diz.