Quero partilhar com todos os leitores da Bóina um facto verdadeiramente edificante.
O Parlamento Europeu é constituído por dois edifícios principais: Altiero Spinneli e Paul-Henri Spaak. Estes estão por sua vez unidos por um corredor ao qual se tem acesso no 3º andar. O corredor de que falamos é a aorta do parlamento, a artérea vital da instituição. Ora ao aproximarmo-nos do tal corredor somos confrontados com inúmeros artefactos (suponho que 25) oferecidos pelos parlamentos dos Estados Membros ao Parlamento Europeu. Numa mistura bastante heterogénea de documentos antigos, arte moderna e quinquilharia, que simboliza de forma exemplar a diversidade estonteante de uma Europa de Tallinn a Roma, de Dublin a Atenas, qual não foi o espanto deste cidadão quando se viu perante o busto austero de uma República. Clássica. E sim: com a Bóina. Presenteada ao Parlamento Europeu pela Assembleia da República Portuguesa.
E tenho que admitir - e digo-o porque sei que vocês (sic) não vão espalhar por aí - que senti uma espécie de orgulho patriótico.
Não acho piada a um Rei fundador sanguinário, repugna-me um conceito de nacionalidade que parece não conseguir emancipar-se da mitologia dos Descobrimentos, verdadeiro desastre cultural, demográfico e ambiental para grande parte da Humanidade e muito menos me revejo no imperialismo marcadamente obscurantista que marcou a história portuguesa até '74.
Mas a República Portuguesa, essa sim, é uma criação com a qual me identifico e em cujo destino quero participar. Parabéns à nossa República por se ver representada no Parlamento Europeu, não por uma nau, um aventureiro ou um mapa de 500 anos, mas sim por um busto que simboliza valores eternos.
quarta-feira, maio 11, 2005
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