Acabo de ver as imagens do comício do PSD no Pavilhão Atlântico. Para além da retórica vitimizante a com a qual o futuro ex-primeiro-ministro nos tem brindado, fiquei com a imagem das bandeiras azuis e brancas com as armas reais gravada na retina. Aparentemente, não causa espécie alguma ao Chefe de Governo da República Portuguesa associar-se aqueles que negam a legitimidade do regime republicano e descartam os símbolos de identidade da comunidade política. É certo que não se trata de qualquer novidade - o "negócio da vida" do PPM e do MPT já tem algumas semanas. Ainda assim, ver o ondular do estandarte monárquico no seio da campanha de um dos principais partidos portugueses não deixa de ser decepcionante. Apesar do azul e branco ter um lugar na nossa memória colectiva como as cores do exílio da Terceira, do desembarque no Mindelo e da luta pelo fim do Absolutismo, quem ergue as referidas bandeiras ergue-as contra o verde e vermelho do 5 de Outubro de 1910, contra a igualdade entre todos sem distinções de nascimento e contra a democracia plena e exigente que o regime republicano realiza. Apesar dos seus defeitos iniciais, a República aprofundou a democracia liberal herdada do século XIX e apostou na dignificação de todos os seres humanos como cidadãos esclarecidos e empenhados no melhoramento da coisa pública. É triste ver o PSD a caucionar esta vontade de retrocesso político e a dar foros de cidade a tendências minoritárias, desprovidas de expressão social e eleitoral.
PS: Ao olhar para projecção de número de deputados nas sondagens da recta final não se esqueçam de subtrair 4 deputados ao PSD... |
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
Azul, branco e laranja
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