segunda-feira, setembro 08, 2008

O melhor jornalismo do mundo II

Mais excelência no jornalismo: impressionante este artigo do New York Times sobre um incidente em que aparentemente dezenas de civis foram mortos pela força aérea americana. Independentemente do debate sobre a exactidão do relatório das Nações Unidas e dos testemunhos dos aldeãos afegãos, continua a ser absolutamente incompreensível o uso de meios aéreos em aglomerados habitacionais por parte das forças americanas e da NATO (das missões Enduring Freedom e ISAF) no Afeganistão.

Recentemente, após uma série de incidentes parecidos, oficiais americanos e da NATO reduziram drasticamente o uso de meios aéreos e o resultado foi uma queda das vítimas civis. O problema é que com a rotação de oficiais do teatro de guerra afegão, aparentemente desaparece a "memória de doutrina" que devia ser acumulada com o passar do tempo. Mesmo se deixássemos de lado o respeito pelo Direito Internacional e considerações éticas básicas, a aplicação (de utilidade sempre limitada) de uma pura lógica militar devia chegar para se pôr fim a este tipo de acções: bem sei que é do mais banal senso comum dizer isto, mas num caso clássico de contra-insurgência em que, mais decisivo do que destruir militarmente o inimigo, importa isolá-lo nas comunidades que o sustentam, cada erro destes representa uma vitória estrondosa para os Taliban.

É verdade que o novo manual americano de contra-insurgência elaborado pelo General Petraeus (que se baseia nas lições do Iraque) já exprime esta preocupação de mudar o ênfase das acções militares da destruição material do inimigo para a criação de espaços seguros para a população civil onde reconstrução económica e estabilidade política permitam a redução da presença militar estrangeira.

O que eu não percebo é o tempo que leva esta gente a aplicar lições - que não são novas.

Parece que mesmo depois da Argélia, da Malásia, da Palestina, do Iraque e de outros exemplos de confrontos entre forças convencionais por um lado e forças irregulares mergulhadas na população civil por outro, de cada vez se tem que reaprender as mesmas lições...


Adenda

Últimos desenvolvimentos.

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