quinta-feira, janeiro 31, 2008

A oeste algo de novo

Primeiro, vamos a eleições. Não as americanas, as do estado do Hessen.

Depois de uma aparente vitória do SPD, a CDU consegui ganhar no photo-finish (o,1%), ficando ambas as formações com o mesmo número de deputados (42 para cada). Depois, e pela primeira vez no "ocidente" todos os restantes partidos com expressão nacional conseguiram lugares no parlamento do Land: FDP com 11 deputados, Verdes com 9 e Die Linke com 6 (resultados aqui). De momento, tudo em aberto para formar governo:

Grande coligação? Com o divórcio nacional em curso e tendo em conta a dureza da campanha, não parece provável.

Semáforo (SPD, Verdes e FDP)? O FDP não parece alinhar, uma vez que está a fazer a corte à CDU a nível nacional, esperando poder regressar ao governo na próxima legislatura, caso os alemães fiquem com a Frau Merkel e enviem o SPD de regresso à oposição (o que na minha opinião só lhe faria bem).

Jamaica (CDU, Verdes e FDP)? Seria uma experiência inovadora ao nível estadual, mas, curiosamente, já experimentada autarquicamente nalgumas cidades, precisamente em Hessen.

Vermelho, vermelho-escuro e verdes? Trazer o partido da esquerda para o poder no ocidente aprentemente é ainda um tabu. Penso francamente que tem de deixar de ser. Não partilho do entusiasmo do Daniel Oliveira em relação à mais valia que possam representar para o futuro da esquerda na Alemanha. Penso é que chegou a altura de deixar de tratar os sucessores dos sucessores da SED como párias do regime político. Já estão no poder nalguns Estados do leste, receberam muitos dissidentes da ala esquerda do SPD com pergaminhos democráticos inatacáveis e os reciclados merecem, no mínimo, o tratamento dado aos sucessores dos ex-partidos únicos dos vizinhos do Leste. Um país que conseguiu ultrapassar a antiga militância na NSDAP de políticos de primeira linha da CDU dos primeiros anos da república federal (veja-se o caso de Kiesinger, chanceler de 66 a 69, cujo governo de coligação com o SPD, tendo Willy Brandt como vice-chanceler, representou uma forma muito alemã de reconciliação nacional).

Para acabar, e porque isto vai longo, ainda há a reter a lição que os jornais portugueses não aprendem. No DN de segunda-feira podia ler-se esta manchete: "Partido de Merkel perde as eleições no Estado de Hesse". Mas como falhar só numa coisa não tem charme (para isso já temos o Público), eles dão-lhe com outra: "Os Liberais FDP obtiveram 9,5%, os Verdes 8 %, e os esquerdistas do Die Linke 4,9%, o que significa que não conseguiram ultrapassar a barreira dos cinco por cento para eleger pela primeira vez deputados ao hemiciclo de Wiesbaden" E que tal esperar por resultados para a próxima?

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