Luísa Mesquita foi hoje expulsa do PCP. O principal fundamento da decisão reside na recusa da autarca e deputada em abandonar os cargos para os quais foi eleita, o que constituiria uma violação dos seus deveres estatutrários e do compromisso assumido com o Partido. Há quem afirme que é bem feito, que Luísa Mesquita conhecia as regras do jogo no PCP e que agora se recusa acatá-las. Contudo, é uma argumentação que não colhe: regras que violam princípios elementares da democracia representativa, que atentam contra a independência do exercício dos mandatos e contra a relação de representação não são válidas. Dirão que Luísa Mesquita ainda assim se conformou com elas ao optar em militar no PCP. Digo-vos-eu que a renúncia a certos direitos fundamentais não é válida nem exigível, nem pode servir de contrapartida para pertencer ao partido com o qual se tem a maior afinidade ideológica.
Esta determinação em purgar é notável ao ponto de sacrificar o estatuto de terceiro maior grupo parlamentar - ao forçar Luísa Mesquita a tornar-se independente de jure o PCP mostra estar disposto a passar para quarto lugar, com apenas 11 deputados (menos um do que o CDS). De resto, o episódio revela a imparável purga interna em curso pela mão da actual liderança e que o sorriso do secretário-geral e os resultados eleitorais menos maus vão começar a deixar de mascarar. Que o PCP optou pela morte lenta já muitos de nós percebemos. Saber se este modus operandi não irá acelerar o definhar é o que ainda está por demonstrar.
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