segunda-feira, julho 16, 2007

Balanço eleitoral alfacinha: a outra tragédia

Foi você que pediu uma leitura nacional aos resultados locais?
E um teste à liderança?

Telmo Correia obteve o pior resultado do CDS na história eleitoral do partido na cidade de Lisboa (ficou mesmo abaixo da soma dos brancos e nulos). Com justiça para o candidato que não logrou a eleição, tal não se deve apenas ao insucesso da sua campanha, tendo sido paga parte da factura da tomada selvagem do poder por Paulo Portas no CDS. Em primeiro lugar, porque a referida tomada do poder deixou uma imagem de sofreguidão no desejo de regresso à ribalta e uma atitude bulldozer em relação à legalidade do partido e à legitimidade da liderança eleita. Em segundo lugar, porque uma das vítimas da segunda ascensão irresistível de Paulo Portas foi Maria José Nogueira Pinto, uma das fontes de credibilidade do partido na autarquia e, provavelmente, uma perda irreparável para as metas traçadas em Lisboa para estancar a sangria. É que à fraca prestação de Telmo e ao lastro negativo que Portas agora emana, há ainda um terceiro factor relvante na análise dos resultados do CDS: o seu lento e gradual declínio de eleição em eleição. Apesar da obtenção de um mandato na última vereação, o CDS perdeu grande parte dos seus eleitos nas assembleias de freguesia para o Bloco, que foi capaz de pescar o últimos lugares no apuramento dos restos. Para além, disso, o CDS limitou-se a eleger 3 deputados à assembleia municipal.


De resto, as declarações de Portas são novamente dignas de análise cuidada. Recordo as das legislativas de 2005 quando se queixou dos meros 0,7 % que separavam os democratas-cristãos dos trotskistas. Hoje, não só os ditos trotskistas levavam 4% de vantagem, como o seu partido apenas teve pouco mais do dobro dos votos dos maiostas... Se calhar era a isto que Portas se referia quando disse que teria de "fazer uma reflexão pessoal sobre as condições do exercício da acção política em Portugal" para dar uma resposta ao conselho nacional que convocará para o efeito. Demissão a retardador? Momento de pausa para permitir o aparecimento de pedidos de "Paulo não nos deixes, por favor"? Vontade de fazer política noutro país que não Portugal? O futuro dirá.

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