A clara vitória do PS em Lisboa, a primeira a solo desde 1976 e a primeira em que o PS ganha em todas as freguesias, representa uma clara opção dos lisboetas pela mudança na gestão dos destinos da cidade. O capital de credibilidade da equipa vencedora é elevado, surgindo a competência técnica dos eleitos associada à imensa capacidade política do seu líder e ao corte com o passado menos feliz do PS no executivo da capital. O desafio que aguarda o presidente-eleito é de vulto, atenta principlamente a dificílima situação financeira da Câmara e o enorme tarefa de repovoar e revitalizar a cidade. A este desafio acresce a necessidade de navegar o novo executivo - ao ter ficado pelos seis mandatos, o PS de Lisboa apenas encontra soluções governativas permanentes à esquerda juntando pelo menos duas forças políticas: Roseta + CDU, Roseta + BE ou CDU + BE. A viabilidade da primeira e da segunda serão potencialmente de difícil concretização atentas as declarações da candidata independente. A terceira é de difícil concretização pois implicaria juntar PCP e Bloco num mesmo pacote governativo numa fase em que ambos lutam pela afirmação no espaço à esquerda do PS. À direita a coligação com Carmona não se enquadra na lógica de renovação e de corte com a gestão desastrosa do ex-presidente, e um acordo com o PSD, para além de padeceder do mesmo mal do acordo com Carmona (há quase tantos veradores do anterior executivo na lista de uns como dos outros) contraria a lógica daquele partido para a capital, para além de que as lutas intestinas que agora se seguirão vão seguramente gerar imensa instabilidade.
Dito isto, o que esperar? Por um lado, pela responsabilidade de todos, que durante a campanha afirmar a sua disponibilidade para salvar a cidade. Por outro lado, respeito dos demais candidatos pela vontade manifestada pelos lisboetas na escolha do seu presidente - é certo que sem maioria absoluta, mas com um mandato inequívoco para liderar a mudança.
Sem comentários:
Enviar um comentário