A espera terá valido a pena. Gordon Brown entrou ontem no número 10 de Downing Street e já reuniu o seu governo. De destaque, o novo reponsável pelo Foreign Office, David Miliband, o regresso de Jack Straw, desta vez para a Justiça, a promoção de Hilary Benn para o Ambiente e a confirmação de Alistair Darling como chanceler.
Entretanto, o líder da oposição David Cameron veio exigir a realização de eleições gerais antecipadas, de forma a legitimar o novo executivo. Apesar de ser verdade que até esse dia a legitimidade de Brown continuará a ser herdada e não conquistada nas urnas (não sei se será fraca, como defende o Ricardo Alves aqui, mas seguramente não é ilegítima como procura provocar João Miranda aqui), o que é facto é que a tendência que as sondagens dos últimos dias revelam é uma descida da distância percentual entre os Tories e o Labour (Pedro Magalhães, no Margens de Erro, deixa um apanhado geral). O pedido de Cameron vem de alguma maneira quebrar uma praxe constitucional clara no Reino Unido no que toca à sucessão de primeiro-ministros - a indicação do sucessor pelo maior partido nos Comuns é business as usual em Westminster (basta recordar a saída de Thatcher em 1990, envolta até em revolta nas fileiras dos backbenchers do partido Conservador, a substituição de Wilson por Callaghan em 1976, a de Churchill por Eden, a de Eden por MacMillan e a deste por Douglas-Home, todas sem realização de eleições antecipadas).
Neste momento, com novo folêgo, não é nada líquido que o declínio do Labour se mantenha. Brown pode representar o oposto da criticada plasticidade e do domínio dos spin doctors que rodeavam Blair, aparecendo com a sua aura de rigor como uma alternativa bem mais agradável do que o mimetismo blairista à direita que Cameron tenta personificar. Pode ser que me engane, mas conseguindo Brown fechar o capítulo do Iraque, David Cameron terá dias complicados no caminho da próximas eleições...
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