domingo, maio 06, 2007

O Motivo do Jardim


Quem tivesse dúvidas sobre um dos principais motivos que levaram à demissão de Alberto João Jardim, e que provocaram as eleições de hoje, terá ficado esclarecido com a vontade expressa deste “irredutível” em negociar com o Governo da República a Lei das finanças regionais.

De facto, e para além da óbvia intenção de prolongar o seu último mandato, Jardim pretendia principalmente a legitimação política que lhe permitisse uma melhor posição para negociar a redução dos cortes nas "remessas de Lisboa" e a obtenção eventual de parte das colectas de impostos na Madeira.

O que é necessário realçar é que esta vitória, por mais esmagadora que seja, expressa apenas a vontade dos Cidadãos Madeirenses em que não seja reduzido o ritmo de desenvolvimento da sua Ilha. Podemos comparar esta eleição a um referendo com a seguinte pergunta: “Deseja ver reduzidas as verbas destinadas ao desenvolvimento da sua ilha?”. Obviamente que, excluindo os militantes dos outros partidos e as franjas mais descontentes da população, os restantes quase 70% disseram que não.

Apenas à luz destas condições extraordinárias, e com a ajuda dos habituais métodos antidemocráticos (tenho duas costelas madeirenses e ouço falar disto desde sempre) e de um orçamento que igualou o da campanha do nosso actual Presidente da República, podemos aceitar esta inversão de uma tendência de declínio da votação no PSD que se tinha vindo a sentir nos últimos tempos na Madeira.

Alberto João Jardim conseguirá os anos adicionais de mandato que lhe permitirão retirar-se daqui a dois anos e ainda atirar um barro à parede durante o restante mandato, mas espero que o Governo da Republica não ceda na aplicação de uma Lei que irá permitir uma distribuição mais justa dos recursos (por natureza escassos) disponíveis.

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