No mesmo dia da nomeação de Jorge Sampaio para Alto Representante das Nações Unidas para o Diálogo Entre as Civilizações, José Maria Aznar (os sr. Ansar, para George W. Bush) condenou o multiculturalismo na Europa, considerando que "sociedades multiculturais são sociedades divididas", afirmando que este tipo de sociedade "é um erro e um grande fracasso" e ainda que o multiculturalismo é a "negação da sociedade democrática". Aznar exortou ainda os líderes europeus a recuperar os "nosos valores" e a "não pensar no politicamente correcto".
Parece mau demais para ser verdade, mas um líder de um dos mais importantes Estados membros da União Europeia proferiu um dos discursos mais xenófobos e reaccionários de que há memória. Apesar da ligeira subtileza na linguagem, Aznar esteve ao melhor nível de um Le Pen ou de um Haider. Agora que já não concorre a eleições e que está livre, o ex-presidente do Governo revela quem verdadeiramente é. E tendo em conta as suas origens ideológicas, acho particularmente claro que a democracia e a sociedade de que o sr. Aznar tanto gosta devem ser as que Espanha experimentou entre 1939 e 1975 - todos espanhóis, católicos e conservadores, todos a falarem a mesma língua e a lerem os mesmos livrinhos.
A finalizar lembrava só que, mesmo sem imigração, a Espanha a cujos destinos o sr. Aznar presidiu é um das sociedades mais culturalmente plurais do continente europeu. Aparentemente, este multiculturalismo não o incomodou quando dependia do apoio da Convergencia e Uniò catalã para governar no primeiro mandato - sacrifícios e concessões aos princípios que se têm de fazer...
2 comentários:
Esse criminoso ainda nao se calou...
Excelente post.
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