Referindo-se ao "lisboetês", Vital Moreira pergunta na Causa Nossa: "Mas se um cego não pode ser fotógrafo e um maneta não pode ser barbeiro, por que é que alguém que pronuncia mal o Português pode ser apresentador/a de televisão?"
Terá isto como consequência que os apresentadores da TV Globo, da RTP-N e das televisões dos PALOP também não podem ser apresentadores porque pronunciam "mal" o Português, ou melhor, porque não pronunciam o Português que tradicionalmente se considerava como padrão correcto?
Não devemos assumir que há um Português padrão e superior, há pelo contrário uma riqueza imensa de pronúncias, dialectos e regionalismos que enriquecem a nossa experiência linguística comum e permitem dentro do espaço de lusofonia dar estatuto de igualdade linguística ao Beirão, ao habitante na cidade da Beira, ao Carioca, ao Angolano, ao Minhoto e, pasme-se, ao desgraçado do Alfacinha. Não respeitando a questão à correcção gramatical, não sendo por isso adequado aludir em falar mal o Português, há sim que realçar que as várias pátrias da língua portuguesa são iguais em pergaminhos e em riqueza.
Não tinha o grande orador da nossa língua, o Padre António Vieira, um característico sotaque da Baía?
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