quarta-feira, outubro 26, 2005

São os pequenos gestos que fazem avançar o mundo


Aqui há uns anos quando visitei o Yad Vashem, o Memorial do Holocausto em Jerusalém, e enquanto passeava no Jardim dos Justos, onde cada árvore se ergue para homenagear uma pessoa que ajudou os judeus a escaparem ao terror nazi, o meu guia, Maurício, ilustrou o sentimento que ali se celebrava com uma frase cheia de universalidade: «só somos realmente livres quando aprendemos a dizer não».
A 1 de Dezembro de 1955, os Estados do Sul dos E.U.A. praticavam a segregação racial que,entre outras coisas, estipulava que nos autocarros os negros não se podiam sentar em bancos reservados a brancos, e se faltassem lugares aos brancos, os negros tinham de lhes ceder os seus.
Naquele dia, Rosa Parks regressava a casa de autocarro depois de um dia de trabalho na cidade de Montogomery no Alabama, e recusou ceder o seu lugar a um branco. Foi presa, julgada e condenada por comportamento desordeiro. Foi o suficiente para levantar o movimento dos direitos civis que acabaria com o segregacionismo nos Estados Unidos.
Rosa Parks morreu na segunda-feira aos 92 anos num país melhor, embora muito ainda haja para fazer. O jornal de Montgomery, onde se deu a desobediência e o subsequente boicote dos negros aos autocarros, noticiou a morte de uma grande mulher.
Rosa Parks ousou dizer não, e com isso o mundo deu um salto em frente para sair do obscurantismo.

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