segunda-feira, setembro 19, 2005

Descarrilamento

Sobre choques de titãs, Manuel Maria Carrilho e Carmona Rodrigues têm, desde a semana passada, uma palavra a dizer a Mohamed Ali e a George Foreman. De Carrilho não se esperava palavras melosas e brandura, mas de Carmona esperava-se que aguentasse as investidas com estoicismo, e que não se deixasse arrastar na fúria destruidora do adversário. Isso só o beneficiaria: capitalizava a imagem de tranquilidade e deixaria o adversário a falar sozinho - esta é a receita para vencer debates contra adversários dados à diatribe. Mas em vez disso, Carmona foi na conversa e descarrilou: parecia uma briga entre putos na escola, do tipo "Cala a boca, ó palhaço!"; "Palhaço és tu, ó palhaço, tens os olhos tortos".
O que Carrilho ganha em criatividade e capacidade de realização perde em excesso de assertividade e temperamentalismo. Mas isso já se sabe.
Quanto a Carmona, perdeu a aura de tipo porreiro, o técnico impassível que não está para se chatear e só quer fazer um bom trabalho. O seu "Grande Ordinário" fê-lo parecer com aqueles meninos bem, que são educados para manter a aparência de bem comportado, mas que nas costas da mãe partem uma jarra e põem as culpas na copeira.

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