segunda-feira, maio 23, 2005

A última vez

6,83% de défice orçamental. É o Banco Central que o diz.

Geralmente, um défice das contas públicas desta dimensão não é grave para um país em desenvolvimento como Portugal que tem que aproveitar os fundos europeus para recuperar décadas de tempo perdido. Sabemos que sem comparticipação do estado em centenas ou milhares de projectos co-financiados pela UE, o bolo dos fundos europeus à nossa disposição fica por consumir. Um défice não tem nada de grave. Um país não é uma mercearia.

Mas estamos no PEC. O que o PEC revisto diz é que os países que passaram do 3% têm que demonstrar de forma credível que, num período de tempo razoável, conseguem aproximar as contas públicas do tal défice orçamental de 3% do PIB. Resta saber se este governo tem à sua disposição as condições para escapar a punições da Comissão. Para todos os efeitos Bruxelas não está interessada em aplicar castigos pró-cíclicos, que acentuem a crise das contas públicas. A Comissão não é nem estúpida, nem o papão que a direita andou a vender.

Independentemente do desenlace: se a direita volta a falar da "irresponsabilidade" do PS nos próximos 50 anos, eu fico, tipo, género, chateado.

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1223975&idCanal=63

3 comentários:

raiva disse...

Bom, eu não represento "a direita", mas aqui digo claramente: grande parte da responsabilidade do déficite cabe ao PS. O governo de Guterres foi, nesse sentido, uma catástrofe (6 anos!).

Não foi a Ferreira Leite (2 anos de cortes à despesa) que fez o défice, nem Bagão Félix (4 meses).

Mas, como diz o vosso presidente, "há vida para além do défice"...

Anónimo disse...

Ó meu amigo...
A memória é uma coisa tramada; o Guterres saiu do governo antes do final de Dezembro, o PSD tomou posse em Março de 2002 com um défice de 4%. Acho que até aqui estamos de acordo, não ? (Se não estiveres lê uns jornaizitos da época, estas noticias apareceram em todos durante alguns meses).
Passados 2 anos e 4 meses o defice subiu para quase 7% com os aumentos de IVA, desemprego, receitas extraordinárias, etc. E em nenhum do anos ultrapassou o défice de 3%. Espetaculo!!!
Quanto a ti não sei, mas prefiro a chamada (in)competência governativa do Guterres à engenharia Financeira do PSD.
Matemáticamente, se o PSD lá ficasse mais 3 anos e 8 meses, ficavamos com um défice de 13,4% -crescimento exponencial.
Ah, e em português escreve-se défice, em latim deficit. Isso de deficite não temos....

raiva disse...

É tão bom estar no poder, não é?

Identifica-se um "mau da fita" para o pacode culpabilizar e já está. Pouco importa se o poder se ganhou com "apito dourado", ou se se usa a "rábula Constâncio", o que interessa é mesmo mandar na choldra...

Parabéns!