quarta-feira, maio 30, 2007

Pequenos detalhes

Sobre este cartaz. Retirado do Small Brother, via Insurgente:
Com o devido respeito, Filipe Melo Sousa não percebeu quase nada do que está em causa.
Em primeiro lugar, a luta contra a discriminação não visa obrigar ninguém a relacionar-se com quem não quer. Visa sim impedir o tratamento diferenciado de cidadãos e cidadãs portadores dos mesmos direitos e dotados da mesma igualdade perante a lei.
Em segundo lugar, o cenário não é catastrófico aos olhos de Filipe Melo Sousa porque Filipe Melo Sousa não vive na pele a discriminação provocada pelo facto de se ter um orientação sexual específica e porque não se terá informado do que significa viver na sociedade portuguesa assumindo abertamente a sua sexualidade.
Em terceiro lugar, o cartaz em causa, apesar de financiado indirectamente por fundos públicos (o financiamento dos partidos é parcialmente público, decorrendo o financiamento da Juventude Socialista dos fundos que lhe são alocados pelo Partido Socialista), não se insere numa campanha de uma instituição pública, mas sim a defesa de um programa político (no caso, o da Juventude Socialista, sufragado democraticamente em Congresso realizado em Julho do ano passado). Contudo, isto não significa que as instituições públicas não tenham precisamente o dever de promover a não discriminação e assegurar o respeito por todos e todas. Ou será que Filipe Melo Sousa também discorda de inicativas como a campanha Todos Diferentes, Todos Iguais?
Em quarto lugar, o contrato social que nos rege, a Constituição da República, é o local onde vamos retirar os valores fundamentais da nossa comunidade política. Caso Filipe Melo Sousa o desconheça, desde 2004 que o artigo 13.º da dita Constituição assinala expressamente a proibição da discriminação em função da orientação sexual.
Em quinto lugar, a pobre da "população leiga" já terá experimentado outras imposições de concepções de progresso "iluminadas" como o sufrágio universal, a recusa do racismo e da xenofobia, a proibição da discriminação das mulheres, entre outras. Que me recorde, acolheu-as no seu código de valores e não se sentiu violentada.
Finalmente, já que são tantas as referências ao liberalismo como padrão de actuação, recomendo dois exemplos de leituras alternativas do conceito: o manifesto dos Liberal Democrats britânicos para a comunidade LGBT e parte do site do Aliança dos Democratas e Liberais para a Europa, relativa a esta matéria. Afinal, parece que liberalismo e promoção da não discriminação e dos direitos das pessoas LGBT não são incompatíveis.

2 comentários:

Filipe Brás Almeida disse...

Bom post. Claro que não são incompatíveis, como ficou aqui demonstrado pelas campanhas que os LibDems têm feito. Bem pelo contrário. Considero-o um dever moral.

Filipe Melo Sousa disse...

eiii este comentário post é repetição do comentário n'O Insurgente

lol está então respondido. Acrescento só: nada contra as causas. apenas contra o seu financiamento coercivo